Saca de soja chega a R$ 101. Esse é o limite?

A semana foi marcada por vários recordes de preços no mercado de grãos no Brasil. Como o Blog adiantou na última quinta-feira – no post: Saca de soja vai a R$ 100, saiba por quê -, os preços chegaram aos R$ 100 e não pararam por aí.

“Hoje tivemos negócios, no melhor momento do dia, em R$101 para pagamento em agosto no Porto de Paranaguá”, contou o analista de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

A cotação da soja negociada na bolsa de Chicago teve a máxima do pregão em US$ 11,70 por bushel, preço mais alto em quase 2 anos. Segundo o sócio-diretor da AGR Brasil, Pedro Dejneka, a alta ocorre por especulação de fundos de investimentos.

“O preço vem subindo por especulação de fundos, que estão apostando que com a chegada do La Niña vai ter uma seca em julho ou agosto. Além disso, o que trouxe os preços para cima essa semana foi o farelo de soja”, explicou na edição de Mercado&Cia.

Então R$100 por saca é o limite?

Para Brandalizze, não restrição para novas altas nos preços da soja. “As chances de altas maiores vão depender mais do fracasso do governo brasileiro pelo dólar, porque Chicago já evoluiu bastante. Espaço de alta existe, semana que vem tem relatório do USDA que pode sustentar os preços em níveis acima de 10 dólares. De agora em diante existe espaço, mas o risco vai crescendo”, explica.

Já Dejneka enfatiza que o que vai determinar o rumo dos preços serão as condições climáticas das lavouras americanas de agora em diante.

“A resposta tem a ver com clima. Se o clima for bom nos EUA, os fundos saem da posição comprada da soja e o preço cai. Se tiver problema climático, esquece, facilmente falaremos de soja acima de 100 reais a saca”, disse.

Se a questão é consumo, a China parece estar bem disposta a comprar mais e mais alimentos do Brasil. Na opinião do consultor  brasileiro, Sergio de Quadros, que vive lá há 8 anos, não faltam sinais de que a demanda está aquecida.

“Eu tenho convicção que sim. Nós temos 1,4 bilhões de pessoas que precisam comer e se vestir. Há um programa do governo chinês de promover a urbanização de 200 milhões de pessoas nos próximos 5 a 10 anos. Trazer as pessoas da área rural para a cidade e eles também vão precisar consumir. A China hoje tem importação na faixa de 80 milhões de soja do quais 50 milhões são do Brasil e nos próximos dez anos vai chegar a 120 milhões de toneladas”, explica.

Por: Kellen Severo