TABACO: Irrigação para contornar a estiagem

Água está fazendo muita falta

Eis que chegamos ao Natal, e em todo o interior seguem as tarefas em mais uma safra agrícola. E o meio rural acompanha com muita apreensão o comportamento do clima, em especial a falta de chuvas que se verifica em boa parte do Rio Grande do Sul. Na semana passada, fiz uma visita à região Sul do Estado, a Canguçu e Camaquã, onde pude conferir duas propriedades em situações bem diferentes: uma em que o produtor fez investimento em irrigação e outra na qual a estiagem castiga muito as plantações. No primeiro caso está o produtor Elissandro Maquardt Bierhals (na foto abaixo), de Canguçu Velho, que hoje cultiva 60 mil pés de tabaco com estrutura de irrigação por gotejamento.

Investimento que deu bom resultado

Bierhals começou a implantar o sistema há quatro anos, quando, sem conseguir financiamento via banco, decidiu investir por conta própria R$ 41 mil para irrigar, num primeiro momento, 40 mil pés. Ficou tão satisfeito que em seguida ampliou a estrutura para 60 mil pés. As plantas estão na fase de retirada das flores e de colheita do baixeiro em algumas lavouras. A colheita seguirá até o final de fevereiro, começo de março. O produtor já não se preocupa com a falta de chuva, ao menos para o tabaco. Para as demais culturas, claro, a chuva também é necessária. Ele sozinho se encarrega de aplicar a adubação de cobertura, com salitre, tudo via água. Da manhã até o fim do dia faz a mistura e controla a aplicação, cuidando para que não seja aplicado mais de uma vez nas fileiras ou para que algumas fiquem sem receber fertilizante. Tudo feito de uma sala, onde ficam os controles. Observou que a propriedade precisa estar apta a implantar a irrigação, que se tenha água disponível, e ainda cumprir os trâmites legais, com a outorga para uso da água na agricultura.

Aqui a água está fazendo muita falta

Depois, em viagem de 100 quilômetros, chegamos à propriedade de Ary Affeldt e de seu filho Clóvis Jair Affeldt (na foto acima), em Camaquã, muito afetada pela estiagem. Eles não possuem irrigação porque não dispõem de água e a área é bastante desuniforme e irregular. Enquanto em outubro choveu nada menos do que 420 mm, em novembro a localidade registrou apenas 17 mm e em dezembro, até a semana passada, simplesmente não havia chovido uma gota. Estão tentando colher o que é possível, embora tenham consciência de que a qualidade vai ser muito inferior à que poderia ter sido.

Fonte: Gazeta do Sul -Santa Cruz do Sul