Venezuelanos inundam cidade em Roraima para comprar comida

A cidade de Pacaraima, na divisa de Roraima com a Venezuela, agora é definida por moradores como “uma pequena 25 de Março”, em alusão à rua famosa pelo comércio popular em São Paulo.

Há cerca de dois meses, o local está repleto de venezuelanos que, em meio à crise de abastecimento no país, viajam centenas de quilômetros atrás de comida.

Pelas ruas, pessoas se sentam sobre pilhas de arroz, açúcar, trigo e óleo. São os fardos que levam para casa, em viagens que chegam a durar dois dias.

“Eu venho porque lá não tem”, diz Andrea Lamboz, 39, que andou 12 horas de ônibus até a cidade. “Lá [na Venezuela], a gente precisa chegar na fila à tarde para comprar no dia seguinte. E corre o risco de dar de cara com a prateleira vazia.”

A maioria vem de ônibus, e cruza a divisa a pé —não é preciso autorização para ir às cidades fronteiriças.

Os dois países são ligados por uma rodovia, que tem algumas barreiras policiais com poucos fiscais.

Os venezuelanos carregam pochetes, mochilas ou malas cheias de dinheiro. Alguns levam uma calculadora amarrada ao pescoço.

No Brasil, um bolívar equivale a menos de um centavo de real. Para comprar um fardo de arroz, são necessários milhares deles —daí o grande volume de cédulas.

As malas, antes abarrotadas de dinheiro, voltam com comida. Nas lojas, os bolívares são guardados em sacos.

Fonte: Folha de S.Paulo