Biosolvit, startup do BMG UpTech, vai produzir em larga escala resina feita a partir de garrafas PET para controle ambiental na mineração

A Biosolvit – startup brasileira que integra a carteira do BMG UpTech e apresenta soluções em biotecnologia aplicadas ao desenvolvimento de novos materiais – recebeu o aval da mineradora Vale para produzir em larga escala um supressor sustentável, à base de plástico PET. O material vai atuar como um “controlador ambiental”, diminuindo a emissão de poeira nas operações de mineração da empresa. O novo produto vai substituir os supressores utilizados atualmente, que podem ser feitos de celulose ou glicerina. 

O supressor é fruto de pesquisas científicas, uma união entre a academia e a indústria. Os estudos e os testes começaram a ser desenvolvidos em 2013 pela Vale, em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Agora, por meio de uma sublicença da patente, concedida pela Vale para a Biosolvit, a startup conseguirá produzir o produto em sua fábrica localizada em Cariacica (ES). 

A grande ‘virada de chave’ desse supressor é que ele será confeccionado a partir de plástico PET reciclado, oriundo de cooperativas de agentes ambientais que processam materiais recicláveis. “A produção do supressor vai aproveitar também outros materiais que seriam descartados, como o plástico PET de bandejas e garrafas de todas as cores, a exemplo das pretas e de bebidas energéticas, que são pouco recicladas e acabam enterradas em aterros sanitários”, diz o CEO da Biosolvit, Guilhermo de Queiróz. 

Resina sobre pilhas de minério – Para produzir o supressor, a Biosolvit usa o plástico PET reciclado e faz uma micronização para transformá-lo em partículas bem menores. “A partir daí, a segunda etapa é transformá-lo em resina. Depois, essa resina, quando aplicada em pilhas de minério de ferro e carvão, forma uma película protetora que não apenas evita a emissão de poeira, mas também diminui drasticamente o descarte de resíduos”, explica Queiroz.

Além de assegurar a eficiência no controle ambiental, o equipamento tem potencial para retirar do meio ambiente, todos os meses, mais de 1 milhão de garrafas PET para a produção no Espírito Santo, e deve alcançar uma produção de 400 mil litros/mês de supressor em 2024. “O volume pode chegar a 2 milhões de garrafas em 2026, com a expansão prevista para outras operações, que vão demandar 780 mil litros de supressor no total”, diz Guilhermo de Queiróz. O supressor começará a ser aplicado nas plantas da Vale no Espírito Santo e, em 2025, a produção deve ser ampliada para as operações da empresa em Minas Gerais.

Catadores Reunes – Além de ser uma solução sustentável, o produto será fonte de renda para associações de catadores de material reciclável da Grande Vitória. A Vale, em parceria com a Rede de Economia Solidária dos Catadores Unidos do Espírito Santo (Reunes), criou o projeto Reciclo, que realiza ações para melhorar a estrutura física, a gestão e a comercialização do material, além de incentivar a coleta seletiva em condomínio e empresas.

Ao todo, 580 pessoas já foram beneficiadas com o projeto, que está sendo realizado em 12 associações em seis municípios do Espírito Santo. O investimento em equipamentos, obras e capacitações chegou a R$ 1,7 milhão. A ação já resultou em aumento de renda dos catadores em cerca de 45%, chegando à média de R$ 1.338,00 por pessoa. 

“Estamos orgulhosos com a parceira entra a Biosolvit e a Vale, principalmente porque a solução apresentada é de alto valor agregado considerando seu propósito socioambiental. Além de dar destinação correta para as garrafas PET que poderiam parar em rios, córregos e aterros, a resina criada pela Biosolvit resolve uma questão relevante para a mineração. Este, certamente, é um produto escalável e aplicável a vários outros projetos similares no Brasil, quiçá, no mundo”, diz o CEO do BMG UpTech, Rodolfo Santos.

Fonte: Jaqueline da Mata