Dólar sobe 1% e supera R$ 3,20, com cautela antes de ata do Fomc

O dólar avançava 1 por cento e voltava acima de 3,20 reais nesta quarta-feira, em meio a expectativas de que a ata da última reunião do Federal Reserve reforce nesta tarde o recado de que o banco central norte-americano pode elevar os juros ainda neste ano.

Às 11:04, o dólar avançava 1,10 por cento, a 3,2292 reais na venda, após subir 0,17 por cento na véspera. O dólar futuro subia cerca de 0,90 por cento nesta manhã.

“O dólar está fortalecendo globalmente, com os investidores se posicionando antes da divulgação da ata do Fed. As declarações de Dudley ontem sugeriram um viés de alta de juros”, escreveram analistas do Scotiabank em nota a clientes.

Eles se referiam ao presidente do Fed de Nova York, William Dudley, que afirmou ver possibilidade de alta de juros já em setembro, o que tenderia a atrair para a maior economia do mundo recursos alocados em outros países, como o Brasil.

Os comentários ofuscaram dados fracos de inflação nos EUA publicados no mesmo dia e elevaram as cotações do dólar globalmente.

Até então, investidores vinham reduzindo cada vez mais as apostas em aumento de juros em 2016. Agora, esperam a divulgação da ata do Fed, às 15:00 (horário de Brasília), para calibrar suas expectativas sobre a política monetária norte-americana.

No Brasil, dúvidas sobre a estratégia de intervenções do Banco Central deixavam as cotações sensíveis. “Esses ruídos sobre o BC arranharam um pouco as cotações, deixaram o mercado desconfortável”, disse o estrategista de um banco internacional.

Declarações do presidente interino Michel Temer demonstrando preocupação com a queda da moeda norte-americana levaram alguns investidores a apostar que o governo almejasse evitar impactos sobre a atividade do dólar fraco, mas o presidente do BC, Ilan Goldfajn, vem reforçando seu compromisso com o câmbio flutuante.

O BC vem vendendo diariamente 15 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, após elevar o ritmo na semana passada quando o dólar rondava as mínimas em mais de um ano.

(Por Bruno Federowski)

Fonte: Reuters