Fertirrigação e sustentabilidade

Na irrigação, o objetivo é suprir a necessidade de água da cultura em quantidade suficiente e no momento certo. Já o objetivo da fertirrigação é aplicar fertilizantes de maneira a suprir a necessidade nutricional da cultura.

A fertirrigação é um meio de fertilização muito eficiente por combinar alguns dos elementos mais importantes para o crescimento das culturas, que são determinantes para a definição da produtividade, ÁGUA e NUTRIENTES.

Basicamente, pode-se realizar a fertirrigação com qualquer sistema de irrigação, mas sistemas de irrigação por aspersão ou localizada (microaspersão e gotejamento) são mais adequados devido a facilidade e uniformidade da aplicação.

Confira algumas vantagens e desvantagens da fertirrigação em relação a adubação convencional.

VANTAGENS:

• Maior aproveitamento do sistema de irrigação e melhor uso do investimento;
• Diminuição das horas trabalhadas para este fim, já que a mão de obra utilizada será a mesma para irrigação;
• Uniformidade na aplicação de micronutrientes;
• Aplicação dos nutrientes de forma fracionada, obtendo maior aproveitamento pela cultura;
• Menor compactação do solo em função da redução do tráfego de máquinas para se fazer adubação por métodos tradicionais;
• Com equipamentos de irrigação bem regulados, consegue-se boa uniformidade de aplicação do fertilizante; • Possibilidade de aproveitamento de águas residuárias.

DESVANTAGENS:

• Elevação do custo inicial do sistema de irrigação;
• Aumento da perda de carga do sistema;
• Corrosão do equipamento de irrigação;

Um grande potencial da fertirrigação é a possibilidade de uso de águas residuárias, diminuindo o custo com fertilizantes. As águas residuárias, ou seja, as águas provenientes de criatórios de animais e lavagem de produtos agrícolas (suinocultura, sala de ordenha, do curral de confinamento de bovinos, aquicultura, lavagem e despolpamento de café etc), geradas na agroindústria (laticínios, produção de açúcar e álcool, abatedouros) e até provenientes do esgoto doméstico, podem ser utilizadas em fertirrigação por serem ricas em nutrientes. A sua utilização neste contexto, além de fertilizar o solo, evita que o efluente seja lançado sem o devido tratamento em um curso d’água.

As águas residuárias não têm os nutrientes presentes na proporção adequada conforme a necessidade da cultura, ou seja, há presença de diversos nutrientes mas em quantidades desequilibradas. Então, torna-se necessária a realização de uma análise química dessa água residuária, de forma a estabelecer o elemento químico de referência, que determinará a dose a ser aplicada, de modo que se faça a fertirrigação adequadamente e a cultura absorva os nutrientes e não haja sobra.

O estabelecimento dessa dose pelo elemento químico de referência traz segurança para cultura, evitando a toxidez por algum nutriente, e para o meio ambiente, evitando a contaminação do solo e/ou água subterrânea por excesso de algum elemento químico, pois a fertirrigação não proporcionará o fornecimento de qualquer outro nutriente em quantidades acima das requeridas pela cultura. Neste caso será necessária a complementação dos outros nutrientes através de outras fontes.

A fertirrigação é uma técnica que pode contribuir com a sustentabilidade do empreendimento rural, diminuindo custos, economizando energia, diminuindo a compactação do solo, melhorando a produtividade e transformando águas residuárias em adubo. Mas devemos lembrar que é necessário fazer o monitoramento do solo, por meio de análises periódicas para acompanhar a quantidade adequada de fertilizante. No caso de aplicação de água residuária, deve haver análise também para determinação do elemento químico de referência.

Por GUILHERME OLIVEIRA
Engenheiro Agrônomo. Analista de Meio Ambiente da FAEMG.

Fonte: Revista Produtor Itambé