Sistema soja seguido de milho tem margem positiva, mesmo com quebra na segunda safra

A produtividade do milho segunda safra da temporada 2017/18 diminuiu em muitas regiões do Brasil, principalmente em razão do atraso do plantio, que ultrapassou a janela ideal. Dessa forma, o rendimento produtivo esteve abaixo das típicas 100 sacas/hectare. A soja, por outro lado, não teve perdas significativas na safra 2017/18, mesmo com o atraso do plantio. Nesse cenário, o sistema soja + milho 2ª safra da temporada 2017/18 ainda registrou rentabilidade positiva em todas as regiões analisadas pelo Cepea.

Para o cálculo de análise do sistema, foram consideradas as praças de Sorriso (MT), Primavera do Leste (MT), Rio Verde (GO), Uberaba (MG), Dourados (MS) e Cascavel (PR), o qual os coeficientes e custos representam a safra 2018/19 coletadas por meio de painel pelos pesquisadores do Cepea em conjunto com Confederação da Agricultura e Pecuária do Brail (CNA).

De modo geral, a soja registrou receita suficiente para pagar o Custo Operacional Efetivo (COE). Por outro lado, o milho 2ª safra só registrou saldo positivo em Sorriso e Uberaba. Por fim, o sistema soja sucedido por milho na segunda safra fechou com margem bruta (rentabilidade sobre o COE) positiva em todas as regiões consideradas nesta análise, principalmente devido aos bons resultados obtidos com a oleaginosa.

SORRISO – A margem bruta para o sistema soja + milho 2ª safra foi de 34,9%. A região registrou boa produtividade, sendo 62 sc/ha para a soja e 106 sc/ha para o milho. Os resultados poderiam ter sido ainda melhores. Contudo, chuvas excessivas no início do ciclo e plantio fora do período ideal prejudicaram a produtividade da segunda safra.

PRIMAVERA DO LESTE – O sistema registrou margem bruta de 21,6%, com produtividade da soja de 58 sc/ha, e do milho, de 100 sc/ha. O rendimento da segunda safra foi prejudicado pelo atraso no plantio e pelo baixo investimento na cultura, devido à baixa expectativa de produtores com a segunda safra.

RIO VERDE – A margem bruta foi de 22,9%, com produtividade da soja em 60 sc/ha e do milho em 85 sc/ha. Grande parte do plantio da segunda safra ocorreu no final de fevereiro e no início de março, e isso, somado à falta de chuva em abril, resultou em perdas produtivas.

UBERABA – A margem bruta foi de 28,9%, com produtividades de 65 sc/ha e 80 sc/ha para soja e milho 2ª safra, respectivamente. Como grande parte do milho foi plantando somente em março, com registro de estiagem em abril, houve quebra de produtividade.

DOURADOS – A margem bruta foi de 40,9%, em que a soja produziu 64 sc/ha e o milho 2ª safra, 65 sc/ha. A oleaginosa teve produtividade acima do esperado devido às condições climáticas favoráveis; mas, para o milho, a seca de abril prejudicou a segunda safra, que foi semeada com atraso.

CASCAVEL – A margem bruta foi de 13,5%, sendo que a produtividade de soja foi de 55 sc/ha, patamar abaixo do esperado, devido à estiagem de novembro. A segunda safra do milho seguiu com atraso no plantio e falta de chuva em abril, reduzindo a produtividade a 80 sc/ha. Nesse caso, as perdas da soja foram o aspecto que mais prejudicou a margem do sistema.

Cabe considerar que os produtores negociaram grande parte da produção de milho antecipadamente, na forma de contratos, em períodos de cotações mais baixas que as atuais. Para a soja, boa parte dos produtores não vendeu sua produção 2017/18 e, considerando os preços mais altos, devem conseguir margens brutas mais elevadas.

Fonte: Cepea/Esalq