Um alerta global para zoonoses e segurança do alimento

Por Marcos S. Jank*

 Brasil deve liderar busca de novos paradigmas de sanidade animal nas cadeias agroalimentares.

A forte relação entre zoonoses, sanidade animal e segurança do alimento será um dos principais temas a serem revistos no mundo pós-pandemia. Zoonoses são doenças causadas por vírus e outros patógenos que contaminam animais, podendo ou não “pular” entre espécies e infectar seres humanos. Exemplos recentes são influenzas, HIV, Ebola, Sars e Mers. O coronavírus é só mais um que atinge humanos. E não será o último.

As primeiras pessoas infectadas pelo coronavírus frequentaram o mesmo mercado de produtos frescos e perecíveis em Wuhan, na China. Trata-se de um típico wet market ou “mercado molhado”, nome que se origina do uso frequente de água ou gelo para conservar produtos perecíveis, além da lavagem do recinto com água para escoar sangue e resíduos.

A maioria dos wet markets não dispõe de refrigeração adequada, daí o nome “molhado”, em vez de resfriado ou congelado, formas que conservam melhor o produto. Mais da metade da venda de alimentos frescos (frutas, verduras, carnes e pescados) nos países em desenvolvimento é feita em mercados desse tipo, onde o controle sanitário costuma ser bastante frouxo.

Muitos deles também oferecem animais domésticos vivos para abate, que ficam presos em gaiolas ou pequenos espaços e são abatidos, eviscerados e cortados no próprio mercado, de acordo com a demanda do cliente.

Não raro, tais mercados têm ainda uma seção de “animais silvestres e exóticos” que oferta alguns tipos de roedores, macacos, tatus, tartarugas, sapos, morcegos e cobras, vendidos no mesmo modelo dos animais domésticos. Vale lembrar que mais de 800 milhões de pessoas se alimentam de animais silvestres, principalmente na Ásia e na África, a maioria por razões nutricionais e via autoconsumo, sem aglomerações.

O problema que estamos tratando é a existência de criação ou caça comercial de animais silvestres, que acabam sendo vendidos nos mercados molhados, elevando o risco de transmissão de zoonoses. Em outras palavras, uma parcela dos wet markets oferta animais domésticos e silvestres (vivos ou convertidos em carnes e subprodutos) no mesmo espaço sujo e comprimido em que circulam centenas de pessoas todos os dias. No período que trabalhei na Ásia visitei vários desses mercados de padrão século 19 (ou antes), encaixados em megacidades, ao lado de prédios moderníssimos de padrão século 21. A sensação era a de andar dentro de uma “bomba biológica” de alta periculosidade. Mas nunca imaginei que ela poderia ser tão avassaladora.

Acontece que as cadeias produtivas de alimentos são muito heterogêneas no mundo, seja na propriedade rural, no processamento, na distribuição ou no varejo. Empresas multinacionais que seguem os melhores padrões sanitários globais convivem no mercado com espeluncas que abatem e evisceram animais na frente do consumidor, sem nenhuma fiscalização. Dois pesos e duas medidas na aplicação de leis sanitárias. Régua alta para alguns, baixa para outros.

A solução para esse problema, que está na raiz da epidemia, é o controle sanitário rígido dos wet markets, incluindo coibir a caça comercial ilegal de animais silvestres, além da aplicação efetiva de legislações sanitárias e punição exemplar dos abusos. Mas há outros fatores de mudança, em que o Brasil tem vasta experiência e muito a ensinar. São eles: 1) a criação e manutenção de cadeias frias desde o abate dos animais até a preparação final da comida; e 2) o modelo de “integração vertical” produtor-processador vigente nas cadeias de aves e suínos – indústrias alimentares e cooperativas oferecem animais para engorda, rações, vacinas, medicamentos e assistência técnica plena a seus produtores integrados, melhorando a sanidade e a segurança do alimento.

O Brasil também tem desafios internos a serem vencidos em sanidade animal, tais como a aplicação uniforme da legislação em todo o território nacional e o controle sanitário efetivo das nossas fronteiras. Mas não há a menor dúvida de que estamos muito à frente da grande maioria dos países, particularmente do mundo em desenvolvimento. Não seríamos líderes globais na exportação de carnes bovina, avícola e suína para mais de 150 países se não tivéssemos um sistema sanitário de padrão global, que pode e deve ser melhorado após esta pandemia.

Acredito que o Brasil deveria assumir posição protagônica nos debates sobre sanidade humana e segurança do alimento que certamente vão ser realizados na OMS, na FAO, no G-20 e na Organização Internacional de Epizootias (OIE).

A queda do Muro de Berlim, em 1989, marcou a reorganização política do mundo, com o fim da guerra fria. Em setembro de 2001, o atentado às torres gêmeas de Nova York marcou a reorganização da segurança internacional, com a conscientização sobre os riscos do terrorismo global. O coronavírus marcará a reorganização da sanidade humana, que descobriu sua inimaginável fragilidade ante a globalização.

Alguns acharão que isso representará uma crise para o agronegócio. Eu prefiro ver como uma oportunidade de valorização e aprimoramento do nosso papel no mundo agroalimentar.

(*) Marcos Sawaya Jank é professor de agronegócio global do Insper e titular da Cátedra Luiz de Queiroz da Esalq-USP.

 

Covid-19: Afagro solicita medidas diferenciadas nos frigoríficos

Frente à pandemia do coronavírus, a Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro) solicitou providências no que diz respeito à adoção de medidas para as atividades industriais fiscalizadas pela Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) da Secretaria da Agricultura (Seapdr). A preocupação da entidade leva em consideração não somente a saúde dos servidores que atuam nas plantas, mas também a saúde dos colaboradores das empresas e o abastecimento seguro à população gaúcha.

“Até o momento, não se tem conhecimento que tenha sido solicitado às indústrias registradas algum Procedimento Operacional Padrão (POP) ou medidas diferenciadas de produção e controle sanitário. Sabe-se, ainda, que diversos produtos sofrem grande manipulação, alguns não possuem embalagem obrigatória e são consumidos nas residências, sem qualquer tratamento térmico prévio”, diz o documento enviado neste domingo (26/4) ao diretor do Departamento de Defesa Agropecuária da Seapdr, Antonio Carlos de Quadros Ferreira Neto, e à chefe da DIPOA, Karla Prestes Pivato.

Na avaliação da Afagro, há diversos pontos dentro de uma indústria de produtos de origem animal, em especial aquelas com maior número de colaboradores, que merecem atenção, entre eles: vestiários, sanitários, refeitório e salas de produção (corte e desossa). Por serem locais fechados e de maior aglomeração, são lugares com potencial de disseminação do vírus, caso haja alguém infectado. Os servidores alertam que esta atividade industrial é uma das únicas que se mantém em funcionamento sem possuir qualquer regulamentação a respeito de controles sanitários específicos para a pandemia.

Os fatos ocorridos em Lajeado e Passo Fundo, municípios que registraram o aumento de casos de Covid-19 dentro de plantas frigoríficas, tornam a regulamentação ainda mais urgente.

Fonte: Afagro

Crédito: André Correa/Afagro

Estiagem interfere nas vendas para a Temporada de Outono
Segundo leiloeiro, tradicional período de vendas da pecuária gaúcha sente reflexo da estiagem nos preços

A Temporada de Outono da Pecuária Gaúcha, que tradicionalmente ocorre nos meses de abril e maio, foi comprometida pela pandemia do Coronavírus (Covid-19). Leilões e exposições que ocorreriam no período foram canceladas e alguns remates passaram para o módulo virtual, com vendas pela TV e pela Internet. Entretanto, na avaliação do leiloeiro rural e diretor da Trajano Silva Remates, Marcelo Silva, a seca que atinge o Rio Grande do Sul será mais danosa aos negócios.

Para o especialista, a situação no Estado se difere ao resto do Brasil em termos de comercialização devido à estiagem, que também tem reflexos na pecuária gaúcha. Inclusive já existe uma queda no valor de venda dos animais. “Se vendeu terneiro a R$ 8,80 e agora está se vendendo a R$ 6,80. Além disso registramos uma queda no boi gordo. A nossa situação é pior que do resto do Brasil por estar com a seca aliada. A reposição, venda de terneiros entre outros, ficará comprometida”, destaca.

Sobre a venda de forma virtual, Silva avalia que será uma saída para o momento, já que é uma ferramenta muito usual no Brasil Central no que diz respeito à comercialização de gado. Um indicativo de adaptação do público vem sendo os remates virtuais do Cavalo Crioulo, que estão realizando bons negócios. “Temos os resultados feitos até o momento com todos dentro ou acima das nossas expectativas. Está surpreendendo positivamente”, observa.

Silva finaliza acrescentando que se houver o retorno das chuvas ao Estado em breve a situação poderá ser amenizada no mercado.

01 Foto: Trajano Silva Remates/Divulgação
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective

Múltiplos sistemas de integração ajudam o produtor a melhorar sua renda

Com a ILPF bem estruturada é possível diversificar a produção obtendo maior segurança e ganhos na fazenda

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é a ferramenta mais eficiente quando o assunto é máxima produtividade aliada à sustentabilidade. A estratégia é ideal para o produtor que busca o melhor desempenho de suas lavouras de forma otimizada intensificando o uso da terra e ao mesmo tempo preservando o solo. Um dos maiores benefícios da técnica é sua versatilidade sendo uma solução que possui múltiplos sistemas de intensificação.

Contudo a ILPF não combina com pressa, o produtor precisa ter paciência para aferir as ferramentas, se adaptar ao sistema, para assim colher bons frutos. Um dos exemplos desse trabalho foi comprovado em um dos estudos realizados pela Embrapa. O projeto teve início em meados de 2014 em uma fazenda na região de Naviraí/MS e foi avaliado por cinco anos a fim de obter resultados concretos.

A propriedade era formada por solos arenosos de relevo plano a suavemente ondulado. Sob o clima tropical, a região conta com precipitação pluvial média variando entre 1.400 a 1.700 mm anuais, sendo janeiro o mês mais chuvoso com precipitações ao redor de 220 mm. Para a implantação, o solo foi corrigido quimicamente com calcário, gesso e fósforo, conforme as recomendações técnicas. Logo após a correção, foi semeada aveia para uniformização da área. Em seguida, foram plantadas as mudas de eucalipto que formaram a floresta e os renques de eucalipto que fazem parte do sistema de ILPF.

Além das adubações, controlaram plantas daninhas e pragas. Nas áreas destinadas aos sistemas de ILPF, foram implantadas fileiras simples, duplas, triplas e quádruplas.

Na safra de verão de 2014/2015, foram iniciados os cultivos dos sistemas produtivos. Nos talhões “a” dos sistemas de ILPF foi semeada a soja, e nos talhões “b”, semeadura da pastagem Brachiaria brizantha cv. Piatã.

Análise econômica

Os custos com a correção e preparo do solo para implantação das culturas anuais e das pastagens, considerados investimentos, foram amortizados pelo período de cinco anos e rateados entre os sistemas estudados.

Custos e receitas calculados neste estudo (entre 2014 e 2019):

  • Produção agrícola – insumos, manutenção e depreciação das máquinas e dos equipamentos, combustível, mão de obra, custos administrativos, equipamentos e benfeitorias;
  • Produção pecuária – formação da pastagem, manejo sanitário animal e mão de obra utilizada no trato com os animais;
  • Para a pecuária – foi levado em conta o custo da @ de carcaça/ha no período, multiplicada pelo preço do dia da comercialização dos animais (R$/@);
  • Para a lavoura – considerou-se a produção (sc/ha) de soja e milho safrinha* e o preço médio da região no dia da colheita.

Custos e receitas não considerados neste estudo:

  • Implantação do maciço florestal
  • Renques nos sistemas de ILPF

O resultado econômico-financeiro foi medido pela margem bruta, que é a diferença entre receita (resultante da venda dos produtos obtidos) e custo operacional (desembolso monetário por parte da atividade produtiva para a sua recomposição) e pela taxa de retorno, que consiste na relação entre a renda bruta e o custo operacional.

Análise do trabalho

De acordo com a engenheira agrônoma, Andreza Cruz, técnica em sementes da Soesp – Sementes Oeste Paulista, o trabalho realizado pela Embrapa tem pontos importantes de se destacar: Em inverno muito seco ou solos muito arenosos é melhor substituir a safrinha de agricultura no inverno por pecuária.

Foi necessário levantar os custos para analisar realmente o que valia a pena. “Muitas pessoas não fazem esse levantamento. Como, às vezes, o risco da safrinha de milho é tão grande, compensa fazer essa safrinha com boi. Deixar o pasto para virar palhada para entrar a agricultura no começo do ano quando voltam as chuvas. O risco é menor é o produtor ganha mais. O boi na entressafra é mais seguro”, destaca.

Segundo a engenheira agrônoma, quando o produtor começa a reformar as pastagens degradadas com agricultura, frequentemente essas áreas são as piores em relação ao solo, textura mais arenoso, pouca profundidade, pouca fertilidade, enfim, as áreas marginais da propriedade. Então, ele tem que ter em mente que esse cultivo, muitas vezes, não terá o mesmo retorno das áreas de agricultura tradicional, que há anos são manejadas, fertilizadas e naturalmente tem maior produtividade. “É preciso apenas que nessa área sejam amortizados os custos da reforma da pastagem. Isso que ele tem que buscar primeiramente, não altas produtividades”, diz a profissional.

Resultados obtidos

Os sistemas apresentaram renda líquida positiva e elevada taxa de rentabilidade, com grande variação. A renda bruta média do ILPF é 24,1% superior à do pasto permanente, e a renda do ILP é 45,1%, maior.

“Neste caso a ILPF só obteve menos renda bruta que o ILP porque ainda não está contabilizado o eucalipto – que em até dois anos será cortado e somará a renda. É esse resultado macro que o produtor tem que buscar. É preciso olhar a renda total e como nesse caso avaliou-se durante cinco anos ele conseguiu ter um panorama geral do que realmente valeu a pena”, finaliza Andreza.

* O cultivo do milho safrinha foi realizado em apenas duas safras, 2015 e 2016, nos talhões “a” dos sistemas de ILPF e ILP. Tendo em vista as baixas produtividades obtidas, decidiu-se que a partir da safra 2017 não seria mais cultivado.

Estudo completo disponível em:

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/209464/1/Avaliacao-economia-de-sistemas.pdf

Soesp – A Sementes Oeste Paulista atua há 34 anos no mercado de sementes de pastagem. Voltada à produção, beneficiamento, comercialização e desenvolvimento de novas tecnologias tanto para pecuária como para agricultura de baixo carbono. A empresa desenvolveu a tecnologia Soesp Advanced, uma semente diferenciada que traz diversos benefícios no plantio e estabelecimento do pasto, além de se adequar perfeitamente ao sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Acesse http://www.sementesoesp.com.br.

01 Soesp Crédito: Felipe/Rural Press

Fonte: Rural Press

Muito mais por eles: nossos clientes

Atenção e respeito sempre foram compromissos presentes no atendimento Polinutri junto a seus consumidores. Desde o início do ano uma nova ação foi colocada em prática para aperfeiçoar e fortalecer os laços

São Paulo, 27 de abril de 2020 –  Falar diariamente com o consumidor final para entender seus desafios, saber como foi o atendimento, corrigir desvios do início ao fim do processo e alimentá-los com informações pertinentes ao mercado de produção de proteína animal tem sido regra nas operações da Polinutri desde o início do ano como forma de aperfeiçoar ainda mais seu sistema de pós-venda.

Um projeto elaborado pela equipe de Marketing e conduzido pela Alley oop (Florianópolis/SC), empresa especializada em aproximar clientes e empresas por meio de relações humanizadas que possibilitam o compartilhamento de informações estratégicas visando longevidade nos negócios.

Trabalho que traz como mote o entendimento de que uma empresa está além de produtos e serviços, mas constituída por pessoas que carregam valores, percepções e emoções em constante evolução. “Todos os dias falamos com cada cliente Polinutri amparados pela empatia. Assim, quando se adquire esse valor é possível compreender um pouco mais sobre suas dores e angústias facilitanto ajudá-los e respeitá-los”, avalia engenheiro agrônomo titular da Alley oop, Gilberto Marques, profissional com mais de 20 anos de atuação no segmento.

Na sua avaliação, os resultados são promissores, ainda mais em tempos de isolamento social. “Neste período a ação vem ganhando ainda mais força, isso porque em meio a este cenário cada aproximação realizada tem força e entregamos a cada um dos clientes o sentimento de pertencimento de algo maior e que eles fazem parte todo”, insere Gilberto.

“Esta ação faz parte do projeto do crescimento sustentável proposto pelo nosso comitê diretivo Polinutri desde 2019 de modo a aproveitar os talentos internos e buscar no mercado profissionais ou empresas que agreguem as operações nas mais variadas frentes”, destaca Luis Gustavo Lemos, gerente de Marketing Polinutri.

Sobre a Polinutri – Fundada em 1989 a empresa atua no desenvolvimento, na produção e comercialização de soluções e produtos para a nutrição e saúde animal. Conta com três unidades industriais – Treze Tílias (SC), Eusébio (CE) e Maringá (PR) –, dois Centros de Distribuição (CDs) – Lavras (MG) e Lajedo (PE) – e sede administrativa em São Paulo (SP). Aliado a isso conta com um laboratório próprio em Maringá (PR) reconhecido e atestado pela FAO, Embrapa e Rommer Labs. Atualmente a empresa atende os mercados de ração acabada, premix e núcleos para as áreas de bovinocultura de corte e leite, suinocultura, avicultura de corte e postura, carcinicultura, piscicultura, peixes ornamentais e pets.

Fonte: Comunicação e Marketing Por Arthur Rodrigo Ribeiro