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Segredos da mulher no agro: Gestão do campo de sucesso

*Por RAFAELA SCAION*

Um dos segmentos do agronegócio em que as mulheres vêm desbravando com muita competência e gerando ótimos resultados é a pecuária. Em diversas propriedades no território brasileiro, a realidade é esta: a gestão das atividades rurais é supervisionada por mulheres que desenvolveram a liderança alinhada aos conhecimentos técnicos e, atualmente, são consideradas especialistas no assunto

Uma dessas mulheres que atua no segmento da pecuária no Brasil, é a Sandra Murta. Filha, neta, bisneta e trineta de pecuaristas, ela se considera apaixonada pela fazenda e pelos animais desde criança. Foi criada dentro do agro, mesmo residindo na cidade. Nos finais de semana, feriados e férias, ela, seus pais, irmãs e irmão sempre iam para a fazenda.

Segundo Sandra, desde muito nova ela aprendeu a trabalhar na fazenda com o seu pai (in memoriam) e que, nessa época, não desgrudava dele e, para ajudá-lo com a gestão da fazenda, ela se propunha a auxiliar no curral.

“Gostava de acordar bem cedinho para ver a ordenha do leite, adorava ouvir os ‘casos’ dos vaqueiros e, também, ouvir as músicas que tocavam nas rádios caipiras da madrugada. Sempre muito curiosa, eu queria entender tudo o que acontecia no dia a dia da fazenda” – relembra Sandra com nostalgia.

Em sua opinião, todas as mulheres deveriam amar o trabalho no campo e, mesmo diante as dificuldades, permanecer fortes e perseverantes com seus sonhos, e nunca aceitar serem maltratadas ou desrespeitadas. Sandra diz que já sofreu e ainda sofre muito preconceito por estar nesse meio que, historicamente, é mais masculino. Segundo ela, mesmo diante dessas situações, em nenhum momento pensou em desistir.

“O agro também é um lugar para nós mulheres. Por isso, desenvolva seu conhecimento técnico e comportamental, seja curiosa e tenha humildade. Meu conselho: Não tenha medo! Eu já palestrei para mais de 100 homens e, mesmo com medo, eu fui. Por isso, acredite em si mesma!”

Sobre o tema Sucessão Familiar, Sandra comenta que está passando pelo processo e compartilha com a gente um pouco de sua experiência: “Quando meu pai faleceu, eu e meus 3 irmãos ainda estudávamos. Minha mãe assumiu a fazenda para ser a fonte de renda da família. Me recordo bem dela trabalhando na área da educação e no campo. Contudo, no campo era sem experiência com gestão de fazenda e produção pecuária” – relembra Sandra Murta.

Após se formarem, ela e os irmãos iniciaram as atividades na fazenda, mas Sandra destaca que vem de uma família que segue aquele modelo de gestão rural dos antepassados… No caso, o homem fica responsável para fazer a gestão de toda a fazenda. Mas, devido ao grande amor e gratidão que ela e o irmão sentem pelo campo, eles estão juntos no processo da sucessão. Atualmente, na fazenda eles trabalham com genética, melhoramento genético e produção de gado de corte. Sandra explica ainda que está se preparando para assumir sua parte na fazenda e, então, seguir com continuidade ao trabalho.

Um dos maiores segredos para a gestão do campo, segundo Sandra, é trabalhar com amor pelo que você acredita que vale a pena.

“O amor é o grande segredo. Ele tem o poder de contagiar toda a equipe. Não podemos nos esquecer dos princípios para alcançar metas, começando pela organização, manter os estudos em dia e ficar atualizada com relação às novas tecnologias de manejo do campo, contudo, fazendo um bom planejamento. O ideal é buscar estar sempre ligada em tudo que está acontecendo no mundo, dentro e fora da porteira. Seja empática com os colaboradores e parceiros, crie uma equipe alinhada e, sempre que possível, invista na capacitação deles e os presenteie quando fizerem algo especial.”

Sandra acredita que além desse grande segredo para o sucesso na gestão, outro grande diferencial da mulher no agro é seguir em frente com seus sonhos, mesmo que seja em áreas de atuação que mulheres cresceram ouvindo que somente os homens poderiam assumir. “Antes de assumir a fazenda pela sucessão familiar, cheguei a chorar diversas vezes porque gostaria de ter nascido homem para ser aceita no agro. Foram muitas lágrimas, já sofri incalculáveis situações de desprezo e preconceito no campo quando me aproximava de algum ambiente mais masculino” – recorda Sandra.

“Mesmo naquela dor, eu sabia que nada e nem ninguém conseguiria me diminuir, ou afetar o meu amor e a minha vontade de trabalhar no campo. Hoje em dia, posso dizer que conquistei muitos avanços em minha vida profissional.

Sandra Murta destaca que fez muitas capacitações e que, durante sua jornada, teve a oportunidade de aprender práticas de gestão com amigos vaqueiros, fazendeiros e professores. Ela acredita que “contra o conhecimento, não existe argumento”, por isso, segue na luta diária atrás de seus objetivos, inclusive, trabalhando inclusive na administração da fazenda do seu esposo. Ela afirma que já conseguiu o respeito de muitos homens e não permite ser tratada com desrespeito ou preconceito. “Perseverança é essencial” – conclui Sandra.

RAFAELA SCAION* Engenheira Agrônoma, pós-graduada em Administração e Negócios (Unoeste).

Fonte: AGROMULHER

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